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Quando, de repente, nos transformamos no "lobo" na história de alguém- quanto a Psicologia POST153

  • Foto do escritor: Bárbara Areias
    Bárbara Areias
  • 13 de mar. de 2023
  • 4 min de leitura


Às vezes, quase sem perceber, nos transformamos em vilões, no lobo da história da Chapeuzinho Vermelho. Somos alguém que, por negar algum pedido, por dizer a verd: ade em voz alta ou agir de acordo com os seus valores, se transforma instantaneamente no personagem maldoso da história, no responsável por essa fábula não ser “cor-de-rosa” e não ter a narrativa que alguém queria ditar.


Se há algo realmente perigoso e impróprio é usar esta dicotomia tão radical que costuma classificar as pessoas entre boas e más.


Fazemos isso tantas vezes que quase não notamos. Por exemplo, se um menino é obediente, calmo e tranquilo instantaneamente dizemos que ele é “bom”. Pelo contrário, se ele é genioso, contestador, inquieto e muito propenso a acessos de raiva, não hesitamos em dizer-lhe em voz alta que “é um menino mau”.


“A história sempre assume as cores que o narrador lhe dá, o ambiente onde é contado e a pessoa que ouve”. -Jostein Gaarder-


É como se muitos de nós tivéssemos um esquema construído sobre o que esperar dos outros , o que consideramos conveniente e respeitável, o que entendemos como nobreza ou bondade. Assim, quando algum desses conceitos falha, quando um elemento dessa receita interna não for cumprido ou não aparecer, não hesitamos em chamar essa pessoa de imprudente, tóxica, ou até mesmo “malvada”.


No entanto, em muitos desses casos, é necessário analisar com cuidado a pessoa que está sob a capa vermelha.


Quando criar as nossas próprias “histórias” nos dá segurança

Chapeuzinho é uma criança obediente. Em seu trajeto através do bosque sabe que não deve sair do caminho marcado, é preciso seguir as regras, agir conforme o determinado. No entanto, quando o lobo aparece as suas perspectivas mudam … se deixa cativar pela beleza da floresta, pelo canto dos pássaros, o perfume das flores, a fragrância desse novo mundo cheio de sensações. O lobo, na história, representa a intuição e o lado selvagem da natureza humana.


Essa metáfora nos ajuda a entender um pouco mais sobre essas dinâmicas com os quais nos deparamos diariamente. Há pessoas que, como Chapeuzinho Vermelho, no início da história mostram um comportamento rígido e padronizado. Elas internalizaram como devem ser os relacionamentos, como deve ser um bom amigo, um bom colega de trabalho, um bom filho e um excelente parceiro… Os seus cérebros estão programados para procurar essas dinâmicas porque dessa forma conseguem o que mais precisam: segurança.


No entanto, quando as coisas não acontecem da forma esperada, quando alguém reage, age ou responde de maneira diferente do previsto, entram em pânico. Uma opinião contrária é vista como um ataque. Elas se sentem ameaçadas e estressadas. Diante de uma opinião diferente, uma negativa inofensiva ou uma decisão inesperada, elas se sentem decepcionadas e insultadas.


Assim, quase sem procurar, sem prever e sem querer, nos transformamos no “lobo” da história, nessa pessoa que por seguir a sua intuição feriu o ser frágil, que vive dentro de uma capa.


No entanto, quando a história deixa de ser história e se transforma em realidade, tudo entra em colapso e aparece instantaneamente uma matilha de lobos devorando a nossa fantasia quase impossível.


Ser o lobo na história de alguém não é agradável. Pode ser que hajam razões concretas para que o sejamos ou talvez não. De qualquer forma, são experiências desagradáveis para todos os envolvidos. Agora, há um aspecto muito básico que não podemos ignorar. Às vezes, ser “mau” na história de alguém nos permite ser “bom” na nossa história.


Antes de nos transformarmos em lobos domesticados habitando histórias impossíveis, é conveniente unir forças e coragem, ouvir os seus instintos e agir com inteligência, respeito e astúcia. Porque agir de acordo com os próprios princípios, necessidades e valores não é agir com maldade. É viver de acordo com os seus instintos, sabendo que na floresta da vida, nem sempre os bons são tão bons e nem os maus tão maus. O importante é saber conviver com a autenticidade, sem peles e capas vermelhas de proteção.


Talvez esse amor não fosse para tanto, mas até percebermos, até a dignidade não pesar mais do que a rendição, as lágrimas e a dependência, não abrimos os olhos. Contudo, é preciso esclarecer: não se deve alimentar o culto ao sacrifício. Porque nenhum universo pode sufocar desse jeito a nossa própria individualidade, nosso amor próprio, nossa luz única e excepcional.


Pilares para consolidar o amor próprio


O primeiro pilar é, sem dúvida, a coerência pessoal. É outro termo que muitos defendem e poucos aplicam, porque é preciso, acima de tudo, coragem. Por coerência nos referimos à necessidade de manter uma correlação entre o que sentimos e o que fazemos. Entre o que pensamos e o que expressamos.


Às vezes, é melhor priorizar o que você precisa em vez do que você gostaria. Por exemplo: talvez agora mesmo você tenha terminado um relacionamento amoroso. A solidão e a amargura o desesperam e o que você quer com urgência é encontrar alguém que alivie esse vazios. Mas… de verdade, você acha que é disso que precisa nessas horas?


Viva intencionalmente, não aceite migalhas. O amor próprio precisa de determinação, não servem os amores pela metade, nem as risadas de dia e as lágrimas de noite.


Viver com intenção é entender que para ser feliz é preciso tomar decisões, e não orbitar erraticamente ao redor dos outros como um corpo celeste que cedo ou tarde acabará colapsando para desaparecer. Aprendamos a brilhar, a ter luz própria, voz firme e um coração digno e valente para atrair aquilo que verdadeiramente merecemos.


Fonte: A Mente É Maravilhosa

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