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A ética é complexa quando explicada, difícil quando vivida, e, sobretudo, aprendida - post 127

  • Foto do escritor: Bárbara Areias
    Bárbara Areias
  • 10 de fev. de 2022
  • 3 min de leitura


“Na Cúpula dos Povos havia grupos muito diferentes, vindos de realidades distintas – populações ribeirinhas, indígenas, campesinos, sem terra, educadores, estudantes – mas com muitas identificações – a mais visível é a luta pela manutenção dos seus costumes, das suas vidas, suas culturas”, diz Ana Barros, jornalista


Não somos todos iguais. Na condição de seres humanos, ainda que existamos também como seres coletivos, nossa individualidade é grande parte de nós, e se manifesta em diversos aspectos de nossa própria existência, de forma positiva ou negativa. Esse é um dos motivos pelo qual se busca tanto a igualdade.


O caso é que há mais a ser pensado do que apenas a busca da igualdade. Quando a desigualdade prejudica uma pessoa ou grupo, nem sempre a busca por igualdade cobre todas as necessidades do indivíduo.


É comum, em situações de opressão, buscarmos igualdade, afinal, o ser humano é dotado de dignidade e sempre busca conquistá-la ou mantê-la, libertando a si e aos seus da opressão. Infelizmente, é comum também que, quando conseguida a igualdade, com o acréscimo de poder, o quadro se inverta e o oprimido passe a oprimir.


Também é comum a distorção envolvendo a busca por igualdade. O que deveria ser a busca por uma equalização, muitas vezes é vista como busca por retribuição, gerando por si só a constante da desigualdade.


A igualdade consiste em tratar todas as pessoas como iguais, independentemente do quão diferentes sejam e somos diferentes, pois não nascemos iguais, não temos as mesmas oportunidades, não somos influenciados pelas mesmas coisas, tornando impossível querer que todos vivam em um mundo igual.


Pensamento visto como “esquerdista” ou “comunista”; ou qualquer uma dessas palavras cujos significados uma boa porcentagem das pessoas vê como modelo ideal ou justo para a sociedade: Todos são humanos, todos serão alimentados, porém às vezes um precisa de mais e outro de menos. Equilibrando isso, dando o excedente de um para o que necessita de um pouco mais, ambos ficam igualmente satisfeitos. E se não houver o bastante de alimento para todos? Nesse caso se divide o que tem de forma igual.


Pensamento visto como de “direita” ou “capitalista”; ou qualquer uma dessas palavras cujos significados a maioria das pessoas vê como modelo ideal ou justo para a sociedade: Somos filhos de Deus possuidores do livre arbítrio, escolhas diferentes nos proporcionam resultados diferentes. É comum que considere seus valores religiosos e tradicionais como fundamentais para a sociedade. E o costume de dar prioridade aos direitos individuais para depois atuar nos direitos coletivos. Entende que a sociedade será melhor organizada se os direitos individuais conquistados da forma correta forem respeitados. E que parte da responsabilidade deve ser de todos os cidadãos e não só dos governantes. É um posicionamento considerado mais conservador, do princípio que “quem planta, colhe”.


Muitos cientistas políticos acreditam que os conceitos de direita e esquerda já não são mais cabíveis em razão de existirem as variações entre os posicionamentos políticos atuais, que misturam ideologias tipicamente de esquerda com atitudes e interesses de direita.


Mas a prática ética não tem nada a ver com esquerda ou direita; comunismo ou capitalismo. Quem reduz isso a um “lado”, simplesmente não entendeu o sentido mais profundo da ética.


O equitativo é considerado o mais justo, não de acordo somente com a lei, e sim como uma correção da justiça legal que não deixará lacuna sociais – pois irá prever particularidades e diferenças não observadas pelo tratamento generalizado da lei. A partir disso, podemos compreender que o princípio da equidade exige o reconhecimento das desigualdades existentes entre os indivíduos para assegurar o tratamento desigual aos desiguais na busca da igualdade.


Para Aristóteles, o conceito de equidade está interligado ao conceito de justiça:

[…] qualidade que nos permite dizer que uma pessoa está predisposta a fazer, por sua própria escolha, aquilo que é justo, e, quando se trata de repartir alguma coisa entre si mesma e a outra pessoa, ou entre duas pessoas, está disposta a não dar demais a si mesma e muito pouco à outra pessoa do que é nocivo, e sim dar a cada pessoa o que é proporcionalmente igual, agindo de maneira idêntica em relação a duas outras pessoas. A justiça, por outro lado, está relacionada identicamente com o injusto, que é excesso e falta, contrário à proporcionalidade, do útil ou do nocivo. […] No ato injusto, ter muito pouco é ser tratado injustamente, e ter demais é agir injustamente (ARISTÓTELES, 1999, p. 101).


A igualdade e equidade, com suas sutis diferenças de entendimento, são princípios fundamentais para a construção de sociedades justas.


POST127

 
 
 

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